Acorrentados
Parte dos meus heróis já morreram;
os vivos foram comprados
pela moeda que combateram;
os jovens esqueceram o quanto podem
e já não sonham além do que lhes pedem.
Todo grito foi sufocado:
reina um amor de porcelana,
que moldamos nas discretas
mentiras cotidianas.
A esperança segue acorrentada:
animal de estimação dos poderosos.
A alegria foi enclausurada
em blocos de faces coloridas.
A vida é um eterno acostumar-se,
silenciosamente pranteamos seu ritmo,
discretamente tapamos os ouvidos às adversidades,
que se acumulam, vingam-se na carne
e explodem em bombas de sangue.
(Fabrício de Queiroz)