A Primeira Bailarina - Edgar Degas
A antiga Santa Igreja já cobrou a redenção de muitos. O que será que acontecia quando morriam?
Dançavam como os primeiros que atingiam os céus ou choravam por acreditarem falsamente no inferno?
Ou só havia escuridão?
Indulgência
O relógio é um troféu na parede
não percebo o sangue no chão.
O coração de pedra não avisa o quão estou só,
meus pés, secos, anseiam pelo calor;
o corpo frio, emborcado, então me esquece.
Meu sorriso é amarelo,
minhas palavras estão em combustão,
não sou diálogo nem Verbo,
Não soletro e nem refaço
e minha mão já não acaricia.
Chora, criança tola:
a culpa da ignorância é paga pelos dias,
tuas mãos são o chacal
e o tempo a tua gangorra.
E continua duvidando,
cria o limo sob teus pés,
resseca a estática em teus ossos,
empala a mente com tuas lágrimas.
Pensa que sabe
e deságua em tua ignorância:
criança, nem todo verso tem rima,
nem toda canção fala de amor.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
quarta-feira, 22 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
Sereno
Impressão, Nascer do Sol - Claude Monet
Sereno
Ainda é dia na solidão do verso
solicito o doce colo da caveira
Desbotadas estão as minhas pêras
que secas lascaram-se na pedra.
É noite na vastidão das palavras
olho o céu no consolo tumular
Caído, aguardo no silêncio
do meu rosto machucado.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
As vezes é triste esperar o dia passar. Esperamos a noite em expectativa e nos agarramos ao fio de esperança da chegada do lençol noturno. Enquanto passa o tempo persistimos em receber o abraço da solidão, que tomamos como companhia.
Sereno
Ainda é dia na solidão do verso
solicito o doce colo da caveira
Desbotadas estão as minhas pêras
que secas lascaram-se na pedra.
É noite na vastidão das palavras
olho o céu no consolo tumular
Caído, aguardo no silêncio
do meu rosto machucado.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Fim de festa
A Mulher Bêbada - Jan Steen
Não, não estou com preguiça de escrever. Ao menos não é preguiça, é a letargia que vem depois de uma crise ou de um fim.
Fim de festa
Odor de tabaco no ar e nos cantos;
o cigarro apagado, o cinzeiro emborcado.
Não é fim de Quaresma, ou São João;
no chão, o esperma:
corpos dormentes do cansaço.
Eu, em algum vão embriagado,
troco tudo, erro paredes.
Esqueço, é fim de festa.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
Não, não estou com preguiça de escrever. Ao menos não é preguiça, é a letargia que vem depois de uma crise ou de um fim.
Fim de festa
Odor de tabaco no ar e nos cantos;
o cigarro apagado, o cinzeiro emborcado.
Não é fim de Quaresma, ou São João;
no chão, o esperma:
corpos dormentes do cansaço.
Eu, em algum vão embriagado,
troco tudo, erro paredes.
Esqueço, é fim de festa.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
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