quarta-feira, 22 de abril de 2009

Indulgência

A Primeira Bailarina - Edgar Degas


A antiga Santa Igreja já cobrou a redenção de muitos. O que será que acontecia quando morriam?

Dançavam como os primeiros que atingiam os céus ou choravam por acreditarem falsamente no inferno?

Ou só havia escuridão?



Indulgência

O relógio é um troféu na parede
não percebo o sangue no chão.
O coração de pedra não avisa o quão estou só,
meus pés, secos, anseiam pelo calor;
o corpo frio, emborcado, então me esquece.

Meu sorriso é amarelo,
minhas palavras estão em combustão,
não sou diálogo nem Verbo,
Não soletro e nem refaço
e minha mão já não acaricia.

Chora, criança tola:
a culpa da ignorância é paga pelos dias,
tuas mãos são o chacal
e o tempo a tua gangorra.

E continua duvidando,
cria o limo sob teus pés,
resseca a estática em teus ossos,
empala a mente com tuas lágrimas.

Pensa que sabe
e deságua em tua ignorância:
criança, nem todo verso tem rima,
nem toda canção fala de amor.


_Fabrício de Queiroz Venâncio

2 Comentários:

Naila de Souza disse...

Nem todo verso precisa ter rima para ser verso. Também não precisa fazer algum sentido...


[Dançavam na tentaiva de esquecer aonde estavam; seja lá onde estavam]

Gabriel Carvalho disse...

rapaz demais essa poesia...

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