Paisagem - Rosalvo Ribeiro
Tudo no Sertão é incólume. As árvores, as vidas e as feridas.
Spondias tuberosa
O umbuzeiro resiste impassível
à passagem do tempo;
alheio às tecnologias,
ao asfalto que observa distante,
aos pósitrons e viagens
interplanetárias.
Desdenha amiúde do doce das horas,
das chaminés enlouquecidas
que imitam a fumaça dos candeeiros,
Não se conecta ao aço das antenas
que transmitem o passageiro,
nem se abala com os bichos
transgênicos ao seu redor.
A mão calejada que lhe recolhe,
imita a rachadura dos chãos
de um sertão que não acaba,
que abafa a poeira das cidades
e pinta o seu horizonte
de senhores recurvados.
A grande árvore sagrada,
incólume às pegadas dos dias,
idolatrada pelos bois e moleques
que se emaranham em seus galhos,
descansa sua longa réstia
aos que se fartam de seus frutos.
(Fabrício de Queiroz)
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
Poema de junho
Silhueta de mulher - Antonio Guimarães Santos
Alguns delineio são distantes demais até para um espírito ansioso.
Poema de junho
Foi na tua silhueta que encontrei resposta
para os meus mistérios,
enquanto os teus permanecem insolúveis
por trás das fotografias raras.
Preto e branco é a única tradução que me cabe
dos pequenos recortes de si,
dos pequenos recortes de si,
que se avolumam para enriquecer as curvas
deste imenso espírito.
Palavra é medida pela página em branco das respostas,
onde qualquer atenção é celebrada como um solstício.
Será que é no silêncio que se ofusca
algum tênue véu de mútua admiração?
algum tênue véu de mútua admiração?
(Ou será que não nos cabe questionar o espontâneo?)
É na aleatoriedade que reside a magia dos encontros - queria um,
descansar por horas sobre os teus olhos castanhos
e me pertencer por instantes a este planeta chamado você.
(Fabrício de Queiroz)
(Fabrício de Queiroz)
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Arqueologia do cotidiano
Sem título - Pawel Kuczynski
Quando desistir é tão forte quanto existir.
Arqueologia do cotidiano
Os braços cansados cruzados sobre o corpo dizem algo sobre o infinito.
Os versos incompletos reclusos em gavetas são uma afirmação tácita da memória.
O exercício de todos os dias da rotina dos passos não tratam do fundamental.
A cadeira vazia empoeirada do quarto espera sentada.
Ninguém disse nada sobre o efeito do tempo na caminhada.
A serenata foi tocada só uma vez, o troféu nunca foi dado.
O corpo molhado aguarda estremecendo sobre a grama,
que aguarda o outono para se render ao infinito.
Na ansiedade dos dias dizer nunca é suficiente.
Ninguém grita mais, agora se escreve.
Tudo deixou de significar tudo,
há uma miríade de absurdos que distribui conceitos.
A falta do bom dia deve significar algo na selvageria das antenas.
A fartura de silêncios diz muito sobre o que deveria ser.
A ausência dos sonhos se manifesta no paulatino silêncio dos amanhãs.
O copo vazio é uma piscina cheia para a solidão.
(Fabrício de Queiroz)
Quando desistir é tão forte quanto existir.
Arqueologia do cotidiano
Os braços cansados cruzados sobre o corpo dizem algo sobre o infinito.
Os versos incompletos reclusos em gavetas são uma afirmação tácita da memória.
O exercício de todos os dias da rotina dos passos não tratam do fundamental.
A cadeira vazia empoeirada do quarto espera sentada.
Ninguém disse nada sobre o efeito do tempo na caminhada.
A serenata foi tocada só uma vez, o troféu nunca foi dado.
O corpo molhado aguarda estremecendo sobre a grama,
que aguarda o outono para se render ao infinito.
Na ansiedade dos dias dizer nunca é suficiente.
Ninguém grita mais, agora se escreve.
Tudo deixou de significar tudo,
há uma miríade de absurdos que distribui conceitos.
A falta do bom dia deve significar algo na selvageria das antenas.
A fartura de silêncios diz muito sobre o que deveria ser.
A ausência dos sonhos se manifesta no paulatino silêncio dos amanhãs.
O copo vazio é uma piscina cheia para a solidão.
(Fabrício de Queiroz)
quinta-feira, 23 de março de 2017
Gentileza
A mãe morta e a filha - Edvard Munch
Gentileza
Prenhe, teve seu filho na calçada
em frente ao hospital.
Nenhum anjo veio recepcionar
a nova vida que chegara.
Passou perto o beijo frio
de uma morte entediada,
já farta de caminhar por aí
colhendo vidas inocentes.
Os portões foram fechados
até mesmo aos vencedores,
úmidos pela urina matutina
que convida pelas manhãs.
A gentileza foi passada a limpo,
substituída por monossílabos,
grunhidos e outros ditos dos animais
que se devoram na imensidão.
(Fabrício de Queiroz)
Gentileza
Prenhe, teve seu filho na calçada
em frente ao hospital.
Nenhum anjo veio recepcionar
a nova vida que chegara.
Passou perto o beijo frio
de uma morte entediada,
já farta de caminhar por aí
colhendo vidas inocentes.
Os portões foram fechados
até mesmo aos vencedores,
úmidos pela urina matutina
que convida pelas manhãs.
A gentileza foi passada a limpo,
substituída por monossílabos,
grunhidos e outros ditos dos animais
que se devoram na imensidão.
(Fabrício de Queiroz)
sexta-feira, 10 de março de 2017
Massacre
A refeição do cego - Pablo Picasso
Os medos são mais inovadores do que os smartphones.
Massacre
Há um deserto nas horas do dia,
uma alameda repleta de solitários,
um conselho em cada esquina,
Um divã sempre ocupado.
Há "quê" de imensidão abandonado,
a esperança erguida no ar,
o coturno contra o peito,
e o caminho estreito a trilhar.
Há uma rachadura imensa
a zombar de nós,
de ponta a ponta,
do punho à dobradiça.
Há, enfim, um nada disfarçado,
uma pilastra camuflando nossa idade,
a rotina preenchida de cuidados
e, ao nosso redor, a realidade.
(Fabrício de Queiroz)
Os medos são mais inovadores do que os smartphones.
Massacre
Há um deserto nas horas do dia,
uma alameda repleta de solitários,
um conselho em cada esquina,
Um divã sempre ocupado.
Há "quê" de imensidão abandonado,
a esperança erguida no ar,
o coturno contra o peito,
e o caminho estreito a trilhar.
Há uma rachadura imensa
a zombar de nós,
de ponta a ponta,
do punho à dobradiça.
Há, enfim, um nada disfarçado,
uma pilastra camuflando nossa idade,
a rotina preenchida de cuidados
e, ao nosso redor, a realidade.
(Fabrício de Queiroz)
sábado, 22 de outubro de 2016
Acorrentados
Acorrentados
Parte dos meus heróis já morreram;
os vivos foram comprados
pela moeda que combateram;
os jovens esqueceram o quanto podem
e já não sonham além do que lhes pedem.
Todo grito foi sufocado:
reina um amor de porcelana,
que moldamos nas discretas
mentiras cotidianas.
A esperança segue acorrentada:
animal de estimação dos poderosos.
A alegria foi enclausurada
em blocos de faces coloridas.
A vida é um eterno acostumar-se,
silenciosamente pranteamos seu ritmo,
discretamente tapamos os ouvidos às adversidades,
que se acumulam, vingam-se na carne
e explodem em bombas de sangue.
(Fabrício de Queiroz)
sábado, 30 de julho de 2016
Anterior
Suicídio - Edouard Manet
Sobre a ira sutil do cotidiano.
Anterior
Depois de um tempo aquela beleza
já não se faz tão bela;
os rostos peculiares da multidão
se perdem distorcidos na igualdade;
a magia deixa de ter cor
e adquire tonalidades cinzas;
o sabor da comida não é mais diverso:
come-se para agradar as tripas;
o sorriso perde a espontaneidade:
sorrir-se para se disfarçar da vida,
que lentamente deságua no oceano
e se perde de si mesma.
(Fabrício de Queiroz)
Sobre a ira sutil do cotidiano.
Anterior
Depois de um tempo aquela beleza
já não se faz tão bela;
os rostos peculiares da multidão
se perdem distorcidos na igualdade;
a magia deixa de ter cor
e adquire tonalidades cinzas;
o sabor da comida não é mais diverso:
come-se para agradar as tripas;
o sorriso perde a espontaneidade:
sorrir-se para se disfarçar da vida,
que lentamente deságua no oceano
e se perde de si mesma.
(Fabrício de Queiroz)
quarta-feira, 11 de maio de 2016
[Sem título]
No piér - Nikolai Pozdneev
[Sem título]
De teu rosto levemente inclinado,
guardarei as memórias mais sadiasDe teu rosto levemente inclinado,
que esta vida pôde me dar.
E antes que essa recordação passe,
que você, como um véu de imensidão
surrupiado pela manhã que se aproxima;
e antes que você suma da minha vida,
fruto de alguma doença da velhice:
Alzheimer, Parkinson, ou simplesmente caduquice
que faz seus netos riem de você;
e antes que a sua silhueta
inclinada para uma lua poderosa, amarela;
e antes que essa silhueta que me fez tão bem,
que me caprichou de destinos,
me preencheo de imensidão;
e antes mesmo que a última partícula
desta poeira caia sob o solo de verniz,
que chegue sob os roedores do porão
o meu pó inacabado;
e antes mesmo que você se incline para minha presença,
ou para os recônditos da minha memória fraudulenta,
que fique lá, escondida, presa em algum neurônio deformado;
e antes mesmo que toda esta bagunça passe,
que toda esta fortuna acabe,
eu olharei para sua silhueta cortada pela lua,
meu amor,
e lhe direi obrigado.
(Fabrício de Queiroz)
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Novembro
O café de Edward Hopper - Zack Thurmond
Novembro
Novembro nos alcançou
com os dedos longos
e os seus ares de fim.
Chegou para lembrar que passamos,
que amanhã seremos
como a poeira de Outubro
que assenta sobre os retratos.
Chegou para dar pressa ao futuro,
rarear os cabelos,
enfraquecer os ossos,
deixar vulnerável o coração.
Novembro chegou para ressignificar
o tempo,
refazer os laços,
destruir qualquer vestígio de ego.
Chegou para que possamos
pedir desculpas,
alargar as distâncias,
nos derramar em solidão.
Este Novembro intruso,
que não se importa com as cascas,
abre a porta do porão
e nos mostra o destino:
uma fração das peças velhas,
algumas velas queimadas
e um perfume que enfraquece;
mais uma centelha que se apaga.
(Fabrício de Queiroz)
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Inanimado
Gangrena do braço amputado no hospital - Eduard Stauch
Paradoxalmente, educadas e educados ao sofrimento e ao sorriso.
Inanimado
Conheci a angústia
muito cedo
antes de virar gente
tornar-me oco.
Pintei o horizonte
de lonjuras
e me vi de pernas
atadas, cabeça feita;
mordaça pronta de couro
atando lágrimas
chamando de pouco
o que era nada;
chamando de tudo
o que era absurdo
chamando de vida
o que era túmulo;
chamando de idade
o que era juventude
chamando de saudade
o que era somente parte.
Chorei ao nascer
e não parei
com essa perversão raquítica
que põe a alma em eterno sertão;
que seca em calçadas amoniacais
que disseca
o oco que era carne
a carne que é gente.
(Fabrício de Queiroz)
Paradoxalmente, educadas e educados ao sofrimento e ao sorriso.
Inanimado
Conheci a angústia
muito cedo
antes de virar gente
tornar-me oco.
Pintei o horizonte
de lonjuras
e me vi de pernas
atadas, cabeça feita;
mordaça pronta de couro
atando lágrimas
chamando de pouco
o que era nada;
chamando de tudo
o que era absurdo
chamando de vida
o que era túmulo;
chamando de idade
o que era juventude
chamando de saudade
o que era somente parte.
Chorei ao nascer
e não parei
com essa perversão raquítica
que põe a alma em eterno sertão;
que seca em calçadas amoniacais
que disseca
o oco que era carne
a carne que é gente.
(Fabrício de Queiroz)
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Hoje eu não quero sorrir
Manhã - Nikolai Pozdneev
Esse é um poema violento.
Hoje eu não quero sorrir
Deixem-me confortável em minha solidão,
não tentem apagar minha expressão vazia
ou maldizer meus amigos que não consolam,
ou não me chamam para sair
tomar uma cerveja, expor-se:
viver.
Não discriminem sequer a minha tristeza
que me aplaca o espírito,
enquanto digo a todos que estou bem
e feliz.
Deixem que eu fuja por alguns instantes
da ditadura revolucionária da felicidade,
escreva um poema triste
e me permitam chorar de dor,
de verdadeira dor
E não me digam "se cure",
ou que "isso vai passar"
- Porque não vai.
Não me digam para sorrir
porque é isso que vai lhe agradar;
[ou que é melhor que eu compartilhe tristeza
do que as minhas alegrias]
porque viver é sentir dor,
elogiar as cicatrizes
e cuidar das chagas.
É antes de tudo uma batalha infinda
que não nos deixa tomar fôlego,
que cobra cotidianamente,
que esmaga com ferocidade
e pilha, e destrói, e sufoca
E ainda assim cobra um sorriso.
Foda-se.
Hoje eu não quero sorrir.
(Fabrício de Queiroz)
Esse é um poema violento.
Hoje eu não quero sorrir
Deixem-me confortável em minha solidão,
não tentem apagar minha expressão vazia
ou maldizer meus amigos que não consolam,
ou não me chamam para sair
tomar uma cerveja, expor-se:
viver.
Não discriminem sequer a minha tristeza
que me aplaca o espírito,
enquanto digo a todos que estou bem
e feliz.
Deixem que eu fuja por alguns instantes
da ditadura revolucionária da felicidade,
escreva um poema triste
e me permitam chorar de dor,
de verdadeira dor
E não me digam "se cure",
ou que "isso vai passar"
- Porque não vai.
Não me digam para sorrir
porque é isso que vai lhe agradar;
[ou que é melhor que eu compartilhe tristeza
do que as minhas alegrias]
porque viver é sentir dor,
elogiar as cicatrizes
e cuidar das chagas.
É antes de tudo uma batalha infinda
que não nos deixa tomar fôlego,
que cobra cotidianamente,
que esmaga com ferocidade
e pilha, e destrói, e sufoca
E ainda assim cobra um sorriso.
Foda-se.
Hoje eu não quero sorrir.
(Fabrício de Queiroz)
sexta-feira, 17 de abril de 2015
À nossa saudade
Mar de sentimentos - Leonid Afremov
À nossa saudade
A nossa saudade transgride os poros,
exaura na perversão da distância
seus odores ainda de ontem,
atinge olhos desacostumados com a ausência.
Calada está a manhã de Terça,
que passa vagarosa na imensidão.
Meus lençóis contam a sua história
e o tempo, eu juro, dilatou-se.
A nossa saudade rompe a carne,
agride o tempo e faz curvar a poesia,
que assiste quieta a memória dos corpos,
que versa triste nossa ansiedade,
que não soube se contentar com o desejo
e derramou-se nesta folha:
sem o teu cheiro,
sem o teu sorriso.
(Fabrício de Queiroz)
À nossa saudade
A nossa saudade transgride os poros,
exaura na perversão da distância
seus odores ainda de ontem,
atinge olhos desacostumados com a ausência.
Calada está a manhã de Terça,
que passa vagarosa na imensidão.
Meus lençóis contam a sua história
e o tempo, eu juro, dilatou-se.
A nossa saudade rompe a carne,
agride o tempo e faz curvar a poesia,
que assiste quieta a memória dos corpos,
que versa triste nossa ansiedade,
que não soube se contentar com o desejo
e derramou-se nesta folha:
sem o teu cheiro,
sem o teu sorriso.
(Fabrício de Queiroz)
quinta-feira, 12 de março de 2015
Reação
A jovem brigada Szybkościowcy - Helena Krajewska
Não há símbolo ou bomba que nos pare.
Reação
As bombas estão de braços abertos à nossa marcha,
os gases procuram amordaçar nosso grito,
a pancada sobe e desce pela farda suja de sangue;
de joelhos imploramos a misericórdia,
que não há - é em vão.
Devemos revidar, em violência e de forma organizada;
rasgar as fardas,
tomar as bombas,
erguer-se do chão.
(Fabrício de Queiroz)
Não há símbolo ou bomba que nos pare.
Reação
As bombas estão de braços abertos à nossa marcha,
os gases procuram amordaçar nosso grito,
a pancada sobe e desce pela farda suja de sangue;
de joelhos imploramos a misericórdia,
que não há - é em vão.
Devemos revidar, em violência e de forma organizada;
rasgar as fardas,
tomar as bombas,
erguer-se do chão.
(Fabrício de Queiroz)
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Não
Trabalhadores a caminho de casa - Edvard Munch
Não
Não é esta rotina que desejo.
Não é esta bota vencida,
desbotada e surrada pelo asfalto
que me faz homem - não.
Não é a longa jornada de labuta
que me dignifica, nem este dinheiro
pouco que pego todo final de mês
e consumo para a subsitência.
O que quero é caminhar lá fora de chinelo,
deixar de receber os farelos da exploração,
dizer não aos que vão à praia na Segunda
e brincar com meus filhos na calçada.
Quero pegar a estrada em um mundo comum
- não de poucos - sem pedágios
ou expressões pesadas a me encarar,
sem destino, sem cercados.
(Fabrício de Queiroz)
85 pessoas detêm 46% da riqueza mundial. Neste momento estão em seus iates, ilhas, jatinhos... Ou seja lá o que caralho façam com o fruto da exploração.
Não
Não é esta rotina que desejo.
Não é esta bota vencida,
desbotada e surrada pelo asfalto
que me faz homem - não.
Não é a longa jornada de labuta
que me dignifica, nem este dinheiro
pouco que pego todo final de mês
e consumo para a subsitência.
O que quero é caminhar lá fora de chinelo,
deixar de receber os farelos da exploração,
dizer não aos que vão à praia na Segunda
e brincar com meus filhos na calçada.
Quero pegar a estrada em um mundo comum
- não de poucos - sem pedágios
ou expressões pesadas a me encarar,
sem destino, sem cercados.
(Fabrício de Queiroz)
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Camaradas
Manifestação - Antonio Berni
Todos os dias uma de nossas bocas é silenciada, mas acendemos outras mil. Todos os dias tentam nos convencer da utopia de nossa luta, mas nos sustentamos na inevitabilidade da vitória. Conosco é assim: a cada cabeça baixa, dez mãos nos amparam o queixo; a cada sinal de fadiga alguém liga o rádio, escutamos o hino e retornamos revigorados.
Camaradas
Hoje mais do que nunca é pela
geração futura que lutamos.
pelos que estão no colo e nas barrigas
que levantamos nossa bandeira vermelha
e mantemos nosso punho em riste.
Pela certeza da vitória que conferenciamos
aos camaradas sobre o nosso fervor;
que não se trata de fé,
mas de concreto trabalho que assenta
o mundo com o lençol da esperança.
É no sorriso das crianças que mantemos
nossas fibras imperturbáveis, inabaláveis.
No companheirismo das camaradas
que aprendemos que o egoísmo não é lei;
no seu fervor militante é que nos formamos gente
e nos surpreendemos felizes.
À tarefa que se mostra árdua
a toda dor silencia:
seguimos viagem a passos de gigante
e nossa principal virtude não é o heroísmo,
mas a camaradagem.
(Fabrício de Queiroz)
Todos os dias uma de nossas bocas é silenciada, mas acendemos outras mil. Todos os dias tentam nos convencer da utopia de nossa luta, mas nos sustentamos na inevitabilidade da vitória. Conosco é assim: a cada cabeça baixa, dez mãos nos amparam o queixo; a cada sinal de fadiga alguém liga o rádio, escutamos o hino e retornamos revigorados.
Camaradas
Hoje mais do que nunca é pela
geração futura que lutamos.
pelos que estão no colo e nas barrigas
que levantamos nossa bandeira vermelha
e mantemos nosso punho em riste.
Pela certeza da vitória que conferenciamos
aos camaradas sobre o nosso fervor;
que não se trata de fé,
mas de concreto trabalho que assenta
o mundo com o lençol da esperança.
É no sorriso das crianças que mantemos
nossas fibras imperturbáveis, inabaláveis.
No companheirismo das camaradas
que aprendemos que o egoísmo não é lei;
no seu fervor militante é que nos formamos gente
e nos surpreendemos felizes.
À tarefa que se mostra árdua
a toda dor silencia:
seguimos viagem a passos de gigante
e nossa principal virtude não é o heroísmo,
mas a camaradagem.
(Fabrício de Queiroz)
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