Manhã - Nikolai Pozdneev
Esse é um poema violento.
Hoje eu não quero sorrir
Deixem-me confortável em minha solidão,
não tentem apagar minha expressão vazia
ou maldizer meus amigos que não consolam,
ou não me chamam para sair
tomar uma cerveja, expor-se:
viver.
Não discriminem sequer a minha tristeza
que me aplaca o espírito,
enquanto digo a todos que estou bem
e feliz.
Deixem que eu fuja por alguns instantes
da ditadura revolucionária da felicidade,
escreva um poema triste
e me permitam chorar de dor,
de verdadeira dor
E não me digam "se cure",
ou que "isso vai passar"
- Porque não vai.
Não me digam para sorrir
porque é isso que vai lhe agradar;
[ou que é melhor que eu compartilhe tristeza
do que as minhas alegrias]
porque viver é sentir dor,
elogiar as cicatrizes
e cuidar das chagas.
É antes de tudo uma batalha infinda
que não nos deixa tomar fôlego,
que cobra cotidianamente,
que esmaga com ferocidade
e pilha, e destrói, e sufoca
E ainda assim cobra um sorriso.
Foda-se.
Hoje eu não quero sorrir.
(Fabrício de Queiroz)
quinta-feira, 23 de abril de 2015
sexta-feira, 17 de abril de 2015
À nossa saudade
Mar de sentimentos - Leonid Afremov
À nossa saudade
A nossa saudade transgride os poros,
exaura na perversão da distância
seus odores ainda de ontem,
atinge olhos desacostumados com a ausência.
Calada está a manhã de Terça,
que passa vagarosa na imensidão.
Meus lençóis contam a sua história
e o tempo, eu juro, dilatou-se.
A nossa saudade rompe a carne,
agride o tempo e faz curvar a poesia,
que assiste quieta a memória dos corpos,
que versa triste nossa ansiedade,
que não soube se contentar com o desejo
e derramou-se nesta folha:
sem o teu cheiro,
sem o teu sorriso.
(Fabrício de Queiroz)
À nossa saudade
A nossa saudade transgride os poros,
exaura na perversão da distância
seus odores ainda de ontem,
atinge olhos desacostumados com a ausência.
Calada está a manhã de Terça,
que passa vagarosa na imensidão.
Meus lençóis contam a sua história
e o tempo, eu juro, dilatou-se.
A nossa saudade rompe a carne,
agride o tempo e faz curvar a poesia,
que assiste quieta a memória dos corpos,
que versa triste nossa ansiedade,
que não soube se contentar com o desejo
e derramou-se nesta folha:
sem o teu cheiro,
sem o teu sorriso.
(Fabrício de Queiroz)
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