sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Corda

Tristeza do Infinito - Luiz Fernando de Carvalho



Corda

Do bar lhe colocaram pra fora
e é fina a chuva que lhe espera.
Em casa ninguém lhe aguarda,
 os vizinhos desistiram de suas

palavras de sabedoria.
Os filhos partiram cedo
nas curvas de uma rodovia
acidentada;

seus amigos lhe aguardam,
os epitáfios sorriem
com suas escrituras
de pranto.

Em casa o bilhete da esposa,
escrito a lápis,
ainda repousa sobre o
criado mudo;

a última garrafa se foi,
e se foram também os sorrisos.
O nó convida do canto
do quarto - a corda descansa.

_Fabrício de Queiroz