quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Soneto da deliberação

Solve et Coagula - Dino Valls



Soneto da deliberação

Dormia enquanto o primeiro feixe amarelo lhe batia ao seio
a manhã escorregava no horizonte encantada em violeta
no arfar das oscilações em seus montes desenhava-se uma linha estreita
onde o tato voraz ansiava pelos virgens freios.

No topo de seus picos pingava a saliva sedenta
em seus vales escorria um suor que não chegava a desaguar
na pele quente dedos tamborilavam numa sinfonia em fá
olhos gulosos desejavam uma floresta argêntea.

Então o desbravador das serras pôs de lado o medo
como cargueiro que se presta ao atraque, observou o seu porto
agora, a infinitude do mar de vontades lhe era pouco.

O pecado adentrou nos campos do desejo
a vertigem tomou conta, vagarosamente, do corpo
e a carne estremeceu na pontualidade de um gozo.


_Fabrício de Queiroz Venâncio

5 Comentários:

Caio Rudá de Oliveira disse...

Com a sutilidade de que o erotismo pede...

Anônimo disse...

Pontual e exímia deliberação
Um gozo fatal.

Rafiki Papio disse...

Você sabe eu não sei fazer comentários.
Gostei!

Anônimo disse...

Ficou bem visual. A escrita que faz enxergar além das linhas é minha preferida. Gostei :)

(Sonetos são um desafio para minha falta de métrica rs...)

Anônimo disse...

Postou em janeiro... mas escreveu quando?
Somos nós ali?


ass: ^^


p.s.:preciso dizer que esse não realmente "desmancha no fim", para saber quem lhe fala?

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