
Soneto da deliberação
Dormia enquanto o primeiro feixe amarelo lhe batia ao seio
a manhã escorregava no horizonte encantada em violeta
no arfar das oscilações em seus montes desenhava-se uma linha estreita
onde o tato voraz ansiava pelos virgens freios.
No topo de seus picos pingava a saliva sedenta
em seus vales escorria um suor que não chegava a desaguar
na pele quente dedos tamborilavam numa sinfonia em fá
olhos gulosos desejavam uma floresta argêntea.
Então o desbravador das serras pôs de lado o medo
como cargueiro que se presta ao atraque, observou o seu porto
agora, a infinitude do mar de vontades lhe era pouco.
O pecado adentrou nos campos do desejo
a vertigem tomou conta, vagarosamente, do corpo
e a carne estremeceu na pontualidade de um gozo.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
5 Comentários:
Com a sutilidade de que o erotismo pede...
Pontual e exímia deliberação
Um gozo fatal.
Você sabe eu não sei fazer comentários.
Gostei!
Ficou bem visual. A escrita que faz enxergar além das linhas é minha preferida. Gostei :)
(Sonetos são um desafio para minha falta de métrica rs...)
Postou em janeiro... mas escreveu quando?
Somos nós ali?
ass: ^^
p.s.:preciso dizer que esse não realmente "desmancha no fim", para saber quem lhe fala?
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