quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Fadiga

Os mentirosos - João Luiz Costa


O meu descanso aguarda o seu consenso.




Fadiga

Eu me cansei das manhãs,
do hálito de cerveja,
dos seios passageiros
e dos seixos em minha janela.

Cansei do sexo fácil,
das noites frias,
do olhar incômodo dos vizinhos
e da porta aberta.

Eu me cansei de tudo,
das navalhas,
das narinas,
dos vestidos rosas
e dos ambientes coloridos:
dos sorrisos fáceis.

Eu me cansei do vazio,
do cheio,
dos aromas e odores,
das brisas e furacões
e da saudade passageira.

Cansei do inusitado,
das armadilhas,
do fogo
e do esperado:
das mentiras.

Cansei do amor
e lhe fiz um bolo de cansaço.
Servi uma taça de fadiga
e brindei à fraqueza,
ao marasmo.

_Fabrício de Queiroz Venâncio

5 Comentários:

Rafiki Papio disse...

Se eu me cansar do inusitado então não me sobrará nada, aí eu vou querer um pedaço do bolo.

Só tô achando que o inusitado nem existe mais.

Saulo Moreira disse...

o esgotado

Tiane Fróes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiane Fróes disse...

Cansaço de tudo é algo que me vem muitas vezes, quase sempre acompanhado de resignação com as coisas, e então já não quero mais nada, mas só por um tempo, depois volto a sonhar.
Belo texto!
Abraço.

L. J. Y. disse...

Você não cansou do café...

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