Ansiedade - Edvard Munch
De joelhos.
Teologia
Os prédios que engolem gente
vomitam os vapores do amanhã.
De repente, entre vidro e fumaça
cortante, entre odisséias abortadas
e homens perdidos na multidão,
um pássaro canta.
O Sol se apresenta nos selos
de cartas velhas escritas a punho.
Centenas de histórias ficaram
em restos de borracha varrida,
soprada pelo vento de cada esquina
onde todo mundo tem sede - e fome.
Nas fontes, as bolhas do detergente
alimentam crianças ocas.
Nos vidros, a gordura do dia
captura muriçocas e mosquitos da dengue;
incólumes, ameaçam o subúrbio
e sobrevivem aos restos anais.
Incólume, o pássaro ainda canta
à criança do sorriso sem dentes.
Oremos: ainda não colocaram um cadeado
na caixa da esperança,
que se afoga nas gravatas da nação
e na fuligem do concreto.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
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2 Comentários:
Retrato de cidade.
***
Um pássaro uma vez me falou da dissolução das lembranças ou do tempo de uma lembrança, de sua validade.
Lamentável.
Essa é a nossa triste realidade.
Enquanto muitos estão preocupados com estádios, vaidades, estéticas, muitos estão morrendo de fome.
Enquanto muitos têm inúmeros brinquedos e acha pouco, outros nem sequer tem condições de ter um.
O mundo é injusto e as pessoas egocêntricas.
Que bela poesia.
(Blog: Revelando Sentimentos)
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