domingo, 27 de abril de 2014

Modernidade

Meu Pai no Katz's - Max Ferguson


Posso lembrar a vida pelas paredes. Recordo duma branca pontilhada de vermelho, acerolas arremessadas em brincadeiras infantis. Já tive um quarto verde, a cor do meu time. Já tive um quarto cinza, época de funestas artes mágicas. Paredes brancas, com a marca do meu suor em vários pontos do ambiente. Hoje tenho uma rosa, que já encontrei assim.

Em todos os casos me acompanha uma xícara de café e um lápis ansioso por marcar a página branca e dizer: "ainda estou aqui".



Modernidade

Contradisse a felicidade em
todos os milímetros da existência.
Com as ausências, foi especialista
em lidar e dizem que nunca chorou.

Achou fôlego no conturbado
da vida para amar,
mas nunca se deixou livre,
despencando com os céus no horizonte.

Sobre as rimas disse pouco
e só os familiares irão lembrar.
Escreveu o nome do seu amor
numa fotografia que jaz, desbotada.

Viveu das incertezas, mas nunca
abriu mão das intensidades.
Resistiu incólume ao álbum da vida
e partiu sem dizer obrigado.

(Fabrício de Queiroz)

3 Comentários:

Jade Bittencourt disse...

Os versos calaram fundo... A vida que passa grande e abre brechas para beleza, para que haja espaço para ar e poesia.

Rafiki Papio disse...

Pouco se sabe dos outros, ninguém nunca soube ser livre no passado. Eu queria não precisar de certezas, eu vou aprender.

Juli Almeida disse...

Viveu das incertezas, mas nunca abriu mão das intensidades
Nao precisa ser uma contradição

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