quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O poema que não saiu


O Pequeno Príncipe - Saint Exupéry


São versos rápidos e um tanto tristes, com o tempo dá pra se acostumar. Essa imagem é uma homenagem a quem amo e que me indicou a leitura.




O poema que não saiu

Podia ver seu rosto na brecha da porta
tímido, o brilho do seu olhar era um misto
das idéias e dos rabiscos que permeiam os pensamentos.

(arrisquei um sorriso, temperado
quebrei a cabeça, desenhei um coração
fiz-me de palhaço, alcancei uma noite,)
dois dias,

mas a teimosia não acompanha a inspiração.
Pois o ruim não é que lhe neguem os desejos,
ou que sejam vãs esperanças há muito cultivadas,

o ruim é quando não cativa o cativante,
e não lhe vêm mais do que este olhar brilhante
na brecha da porta, fixo em sua consciência.

No fim, o poema não passa de uma esperança
de uma longa espera ao que não vem
uma mentira contada a si mesmo
várias vezes.

Resta o poema que não acaba, o lápis solto
o olhar que não contêm a si, mas carrega o mundo,
a pulsação que precede o choro.

Para um corpo molhado que espera sob a chuva,
o silêncio é um conforto.


_Fabrício de Queiroz Venâncio

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