
Prematuro
Fiz meu epitáfio aos oito anos,
quando então já não tinha dentes
e mascava feito velho.
Pés escondidos sob a lama,
molhada pela chuva fina
que molhava a terra suja.
Gengivas encardidas: não havia sorriso;
costelas à mostra: não havia comida.
As mãos de parentes novos
cavaram a tumba;
meus pais estavam ausentes.
Ausente também estava o caixão:
cova rasa, não havia flores,
só último escarro como despedida.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
6 Comentários:
Cara, muito bom o poema. De Prematuro só o título!
Abraço.
muy bueno
abç
Não seria 'tardio' ??
Saboreio, compreendendo ou não, o teu poetar...é simples, me toca.
Acredito que esse "Prematuro" teria ficado bem ao lado de "Idades" ou "Paredes".
Muito bom, Fabrício. Parabéns!
a infância alimenta nossa dor e alegria. todo o resto é consequência.
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