sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Estudo da carne

A pele do coelho esfolado - Chaim Soutine


Canibal, começou devorando os dedinhos dos pés. Do pé direito, que não tinha marca de nascença. Seguiu pela carne interna das coxas e se engasgou ao engolir os pêlos finos. Não se importou com os gritos da dor; aos seus ouvidos, soava melodia. Eliminou a gordurinha acumulada na barriga com dentes afiados. Com uma única tacada arrancou um mamilo e fez churrasco de pescoço. Cheiro de carne queimada. A melodia tropeçou no engasgo. Completou a refeição com bochechas e lábios. Cortou o clitóris com a unha e serviu-se empanado.  Na beira da cama, um cabernet sauvignon barato para engolir tudo. Sem tosse.



Estudo da carne

Esperança vã
consolo
temperança.

A princesa descorada
cavalga só
um cavalo manso.

Alfinetadas na bunda
projétil de imensidão.

Saudade só
doença sã.

_Fabrício de Queiroz Venâncio

3 Comentários:

alexandre coutinho disse...

vc tá cada vez maia denso, meu irmão. Quero seu google talk, manda aí!

Anônimo disse...

Esfomeado. O cabernet dá tom certo para a gélida ocasião.

L. J. Y. disse...

MEDO! essa tenho que compartilhar!

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