domingo, 22 de fevereiro de 2009

Idades

John Henry Fuseli - Silêncio


A minha idade é pouca.

Contudo, freqüentemente me pego perguntando se meu tempo já passou, se sou o grande azarado desta era, mas sei que existem outros por aí e, como costumo dizer, ser diferente está moda... Então, afasto essa idéia. Muitas vezes me divirto e a utilizo como inspiração.

Esse poema tem duas raízes: a primeira está nesse pensamento de "rapaz afastado"; a segunda nas minhas leituras do poeta Ruy Espinheira Filho, um dos melhores que o país tem vivo.

Antes do poema, gostaria de lembrar que este blog tem uma proposta fixa e não pretende fugir dela, como a relação entre a imagem e o poema. Não vou revelar tudo, os mais curiosos podem se divertir tentando encontrar as relações existentes entre cada uma das minhas postagens.

Agradecimentos aos poucos leitores.



Idades

O silêncio está enferrujado na dobradiça.
Atrás da porta repousa o tempo,
na cabeceira está o pó e no pó
repousam minhas peças velhas.

O terço foi atacado pelas feras,
a cruz tem a ferrugem da descrença;
a santa imagem repousa só
e seus pés estão descalços.

No chão o retrato das minhas eras,
o cabresto que me atém ao luar.
Junto à janela a marca do suor,
a lembrança do eco de passos no vitral.

As traças me fazem lembrar a vida,
os ratos me causam o comichão.
Eu, não sou mais que uma saudade
carregada por um vento já cansado;

um vento farto de mim.


_Fabrício de Queiroz Venâncio

3 Comentários:

Willa disse...

"Eu, não sou mais que uma saudade"
Todos somos e viramos poeira. :}


Estou de blog novo..
http://ritmo-da-chuva.blogspot.com/
Passa lá!
Beijos^^

Rafiki Papio disse...

Como dizem os sábios, tudo começa com um comichão.

Somos até sortudos, o meu tempo estar por vir.

Eu rabisco disse...

Não somos todos iguais tampouco todos diferentes ao todo.

"Você broca tia" =]

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