quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Enterro

Guilherme de Farias - Sertão


As vezes penso que a natureza não sabe o que deve morrer e o que deve viver, como se fosse um plano frio.

Mas não tenho opinião formada sobre tal e duvido que alguém tenha e que não passe pelo artifício da Fé.



Enterro

A terra encena o revés do parto,
suas raízes são invioláveis pelo esquecimento;
sobre sete palmos está a pedra do limo,
em seu redor, a solidão.

Sepultada em corpo frio está a esperança,
soberana dos idos primórdios;
sob sete palmos come o verme da terra,
em seu corpo, a podridão.

Juntas as mãos calejadas sobre o peito,
mortos o engenho e o fruto do trabalho;
entre sete palmos tatuados de aridez
resta à terra a lembrança do último enterro.


_Fabrício de Queiroz Venâncio

3 Comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Abordou um tema
bem denso, Fabrício!

E, antes do poema,
eu já havia "estacionado"
em suas colocações prefaciais.

A natureza sem sabedoria?
A fé como artifício?
Discordo,
mas isso nem vem ao caso...
Aplaudo você
por lançar tais dúvidas
aos seus leitores!

Será um prazer recebê-lo
em minha confeitaria:
http://docedelira.blogspot.com/

Um beijo.

Lara Amaral disse...

Poema bem construído. Muito bonito! Obrigada pelo comentário.
Abraços.

pi disse...

ó;.;; disse que ia vir!

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