
As vezes penso que a natureza não sabe o que deve morrer e o que deve viver, como se fosse um plano frio.
Mas não tenho opinião formada sobre tal e duvido que alguém tenha e que não passe pelo artifício da Fé.
Enterro
A terra encena o revés do parto,
suas raízes são invioláveis pelo esquecimento;
sobre sete palmos está a pedra do limo,
em seu redor, a solidão.
Sepultada em corpo frio está a esperança,
soberana dos idos primórdios;
sob sete palmos come o verme da terra,
em seu corpo, a podridão.
Juntas as mãos calejadas sobre o peito,
mortos o engenho e o fruto do trabalho;
entre sete palmos tatuados de aridez
resta à terra a lembrança do último enterro.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
3 Comentários:
Abordou um tema
bem denso, Fabrício!
E, antes do poema,
eu já havia "estacionado"
em suas colocações prefaciais.
A natureza sem sabedoria?
A fé como artifício?
Discordo,
mas isso nem vem ao caso...
Aplaudo você
por lançar tais dúvidas
aos seus leitores!
Será um prazer recebê-lo
em minha confeitaria:
http://docedelira.blogspot.com/
Um beijo.
Poema bem construído. Muito bonito! Obrigada pelo comentário.
Abraços.
ó;.;; disse que ia vir!
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