
A velhice é muito bonita. Para os velhos parece que o tempo passa diferente, ficando essa sensação impressa no modo calmo como se movem, como falam e se organizam dentro do seu tempo.
Pode ser também que já estejam no aguardo da morte, praticando serenamente a única coisa que lhes resta: as lembranças e os amigos.
Pode ser também que já estejam no aguardo da morte, praticando serenamente a única coisa que lhes resta: as lembranças e os amigos.
O rosto (ou a Balada sem ritmo algum)
A poeira dos carros encharca as
rugas virgens do rosto,
um olhar lânguido de miopia e carne
atenta na paisagem a sua morte.
Tudo lhe parece sinônimo de si:
a palha seca, a sopa podre
e a gia suada emborcada.
Na cidade o povo canta,
os carros passam e ninguém sorri;
numa ausência que se mistura à poeira
que levanta e mela o rosto.
Tudo já lhe é passado:
os jovens, os velhos
e este calafrio que arrepia a nuca.
_Fabrício de Queiroz Venâncio
15 Comentários:
Inevitabilidade.
Então é como se estivesse de outra esfera, observando o tempo, sem divisões.
olá Fabrício, prazer em conhê-lo! Legal a semelhança entre nossos blogs. Só lamento não dispor de mais tempo para me dedicar mais ao meu. Bem, é isso, assim que puder voltarei aqui para te ler com mais calma. Abraços
O tempo, algo criado pelo homem para a sua própria sabedoria e desespero.
O in(con)stante que chamo agora, já é passado para quem lê...
Haha, comentei e fiquei a pensar 'quem é ele?'... não liguei o nome à pessoa, não sabi que tu eras de Ssa.
Que coisa.
Obrigada, pela prosa e poesia que nasce em ti.
ainda que o visto esteja morto, a poesia é viva. e intensa.
desculpa mas eu tenho que discordar, sobre tudo do inicio. a velhice não respeita a beleza! tenho muuuuuuuito medo de envelhecer, meu deus!
mas gostei da poesia. rs
abração
Obrigada, Fabrício, por tua visita e comentário - recém hoje eu o li, porque não ando atualizando meus blogs com muita frequência devido a falta de tempo.
Abraço.
Eloah
é um prazer retribuir-lhe a visita... sua casa é muito agradável de estar..
abraços.
Julie zacheu
Fatalidades que enchem-me de luz... A história é nossa, inteira.
sombra de um rosto
restos de um tempo
muy bueno, man
até.
No ritmo da globalização, o agora é passado.
Passado perdido.
Eu diria que este rosto, essas rugas virgens, agora são usadas pelo Tempo, irrefreado, que nos escapa.
Eu também tenho rugas, destas que fazem bem, mas que deixam saudades, como da época em que meus amigos não haviam sido roubados pela vida, ou não estavam tão absorvidos por ela... hoje eu vejo nos olhares baixios e perdidos de alguns, a sombra vadia da esperança... e essa poesia me fez lembrar de como éramos. Muito Obrigado!
Seu amigo
Lucas Matos
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